Resenha: Suicidas - Raphael Montes



Sinopse: 
Um porão, nove jovens e uma Magnum 608. O que poderia ter levado universitários da elite carioca – aparentemente sem problemas – a participar de uma roleta-russa? Um ano depois do trágico evento, que terminou de forma violenta e bizarramente misteriosa, uma nova pista, até então mantida em segredo pela polícia, ilumina o nebuloso caso. Sob o comando da delegada Diana Guimarães, as mães desses jovens são reunidas para tentar entender o que realmente aconteceu, e os motivos que levaram seus filhos a cometerem suicídio. Por meio da leitura das anotações feitas por um dos suicidas durante o fatídico episódio, as mães são submersas no turbilhão de momentos que culminaram na morte de seus filhos. A reunião se dá em clima de tensão absoluta, verdades são ditas sem a falsa piedade das máscaras sociais e, sorrateiramente, algo maior começa a se revelar.

Título: Suicidas 
Autor: Raphael Montes
Editora: Benvirá
Ano de lançamento: 2012
Páginas: 488


Primeiramente, tenho que agradecer a Benvirá que me presenteou com esse livro! E que livro, hein?! Terminei não faz nem horas, e estou chocada com o final. Sempre tive um certo preconceito com autores brasileiros, mas esse pensamento mudou totalmente, foi um dos melhores livros que já li! Logo que terminei, veio na minha cabeça: "Tenho que fazer uma resenha!" E aqui estou, hahahaha! Vamos lá...

Na trama, nove jovens decidem terminar com suas vidas. Trancam-se no porão de Cyrille's House, uma gigantesca casa de campo, e, no dia seguinte, seus corpos são encontrados em circunstâncias extremamente desumanas. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu, nem os motivos que os levaram ao suicídio. Por isso, um ano depois, Diana Guimarães, a delegada, reúne as mães dos jovens em busca de esclarecimentos do caso Cyrille's House. Para isso, ela utiliza um diário escrito em tempo real por Alessandro Parentoni, um dos mortos, que narra os eventos daquela noite. Durante a reunião, segredos e verdades vão, aos poucos, sendo reveladas.

A narrativa de Suicidas é complexa e se desenvolve em três fases: a primeira, é constituída de relatos de Alessandro, aspirante a escritor, uma espécie de diário em que eram registrados momentos importantes do dia-a-dia do rapaz; a segunda é o encontro das mães com a delegada e, por último, o "livro" que narra os eventos ocorridos na noite das mortes, dividido em capítulos e tudo mais. Essa estrutura chama atenção do leitor por conter muitas informações e serem bem detalhadas. 

No diário,  Alessandro, um jovem de alma velha, como ele mesmo diz, é um rapaz com uma visão crítica, e sempre se coloca como mais responsável que o amigo de infância, Zak Vasconcellos, também estudante de Direito, pertencente a classe alta e desejado pelas garotas, não só pela fortuna, mas pela aparência. Alê conta sobre suas amizades, seus feitos, sua paixão pela escrita, seus objetivos, suas derrotas, etc., como se deve fazer quando escreve em um diário, mas de uma forma mais aprofundada. No diálogo entre as mães e a delegada, temos as diferentes opiniões sobre o caso e a discussão sobre o que poderia ter acontecido. E no livro, Alê descreve tudo o quê aconteceu durante a roleta-russa, os momentos de fraqueza, as injustiças, as descobertas, as brigas, as mortes, de um modo que ele mantém uma relação com o leitor, tanto que quando chega na sua vez de disparar o revólver, se despede de nós. 

Todo os enigmas colocados fazem o leitor pensar no que acontecerá, o quê leva a crer que é tudo previsível, mas é aí que você se engana, a narrativa toma rumos inesperados que surpreende qualquer um. O  mistério é levado até a última linha do livro - sim, você leu certo. O desfecho consegue honrar o desenvolvimento e nos faz pensar como Raphael Montes tem uma mente brilhante. Esse é o tipo de livro que você ao mesmo tempo quer avançar na história, mas por outro lado, quer frear a leitura para não se sentir órfão quando chegar à página final, ao ponto final. 

"Suicidas" é um romance policial incrível que contribui muito para a literatura brasileira. Raphael Montes é um talento que merece ter destaque pela sua engenhosidade e, com certeza, terá um futuro promissor. 


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xo

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