Resenha: Distopia - Kate Willians


Sinopse: Em uma sociedade governada por militantes, com um sistema incorruptível, as crianças são isoladas no regimento militar aos sete anos de idade e treinadas para serem soldados. Lá, eles aprendem da forma mais cruel a atirar e a matar, perdendo muito cedo a sua inocência. Depois da Grande Guerra, o mundo passou a ser dividido entre governantes e governados e cada um tem as suas dores, suas mágoas e limitações. E o que nos resta saber é: de qual lado você está? Porque no final das contas, não estamos vestidos para lutar... Assim como nunca estaremos vestidos para morrer...

Título: Distopia
Autora: Kate Willians
Editora: Arwen
Ano de Lançamento: 2015

Páginas: 318


SENSACIONAL! Não consegui pensar em outra palavra senão esta para começar a resenha. Distopia foi uma grande surpresa para mim. Quando conheci a autora e comprei o livro, criei uma expectativa muito grande. A leitura valeu muito a pena. Lembro que queria deixar de lado todos os outros livros que eu deveria ler para começar este, mas não podia, eu tinha que cumprir prazos. O mundo distópico de Kate Willians me conquistou e eu a agradeço por ter escrito essa obra. É muito bom saber que a literatura brasileira tem uma talentosa escritora em ascensão como a Kate.


Devo dizer que amo o gênero Distopia. Mas, o que significa? "A distopia é um pensamento filosófico que caracteriza uma sociedade imaginária controlada pelo Estado ou por outros meios extremos de opressão, criando condições de vida insuportáveis aos indivíduos. Normalmente tem como base a realidade da sociedade atual idealizada em condições extremas no futuro." As distopias me fascinam, porque qualquer coisa pode acontecer, qualquer coisa mesmo. O mundo que conhecemos pode ser reinventado de diferentes formas, cabe ao autor(a) explorar este gênero da forma que lhe convém. Há distopias sobre catástrofes naturais, universos e seres estranhos, que possuem alta tecnologia, grandes guerras, rebeliões, revolução, o homem sendo extremamente cruel, e a esperança e o amor encontrando espaço em meio ao caos. E a Kate soube trazer tudo isso muito bem. Senta que lá vem história.

Após a Grande Guerra, a sociedade passou a ser governada por militantes, sendo divida em Norte, Sul, Leste e Oeste. Estes quatro Regimentos são comandados por coronéis. Há um muro que separa os Governantes dos Governados. Os governantes representam a elite, vivem dentro do muro e possuem vários privilégios, como o uso da tecnologia e o comando do sistema político, enquanto que os governados vivem fora do muro e em condições decantes, os pais são obrigados a entregar seus filhos com mais de 7 anos, independentemente do sexo, ao exército para se alistarem. 

Este último fato me lembrou a infância dos espartanos. Depois de passar os primeiros 7 anos de vida com a família, os meninos eram enviados para centros de treinamento para serem educados e transformados em guerreiros. O treinamento era focado no militarismo, na disciplina e na obediência completa. O objetivo maior dele era formar soldados educados no rigor para defender a coletividade, exatamente como na narrativa. Muito legal, né?!


Laura e Thiago são dois jovens nortenhos. Ela, uma governante. Ele, um governado. Laura é filha do Coronel do norte, bastante impaciente, chorona e mandona, não tem liberdade para fazer nada e é sempre controlada ou mandada pela mãe para que mantenha a aparência de "mocinha". No início, não gostei muito dela, mas aos poucos fui notando que ela tem um bom coração e que não queria ser controlada por ninguém, queria tomar as próprias decisões e não aceitava as regras abusivas de sua sociedade. A evolução dessa personagem é impressionante, ela deixa o jeitinho de menininha imposto à ela de lado e se torna uma mulher guerreira com vontade de mudar a sua realidade. 
"Eu vou mostrar a você que ser mulher nunca foi e nunca será sinônimo de fraqueza." 
Thiago, por sua vez, é um soldado, prometeu aos pais que seria forte e encararia a sua missão com o desejo de revê-los algum dia. Ele nunca esquece os seus valores e é isso que o torna forte, não gosta de ser comandado e também se opõe ao regime opressor. Mesmo sendo tão diferentes, os seus destinos se cruzam e a busca pela liberdade se torna o principal objetivo de ambos. 

Vejo o Thiago como um herói insistente. Ele sabe que vive em um lugar desigual e injusto, quer acabar com tudo isso. Além disso, ele é um amigo muito leal, sempre valoriza seus amigos e os coloca em primeiro lugar. Eu admiro muito isso nele, até porque, como diz Mario Quintana, "A amizade é um amor que nunca morre". Thiago sabe que cultivar as amizades é importante, pois são elas que estarão sempre ao seu lado.

Os outros personagens são maravilhosos, porque é como se você estivesse ao lado deles, passando por tudo que eles passam, sorrindo, lutando, sofrendo com eles. O que mais me encantou foi o sargento Enzo, porque enquanto alguns sargentos puniam os jovens soldados com castigos cruéis, ele era o único que olhava para aquelas crianças com complacência, se importava com o bem-estar delas. O Ângelo, melhor amigo de Thiago, também é adorável. Além de ser brincalhão, a todo momento, deu suporte ao amigo. É muito bonita a amizade deles.
"Então, venha pegar! Fui eu quem armou tudo isso. Deixe meus amigos em paz."
Não poderia deixar de comentar que a autora mata sem dó! Em um determinado momento, ela nos apunhala com a morte de alguém bem importante. Não vou revelar, vocês vão ter que ler para descobrir. A obra é magnífica, diferente das distopias que já li. Tem sangue, exército, guerra, tiro, porrada e bomba, tudo o que um livro desse gênero pede.



Algumas partes da obra soaram um tanto quanto familiar para mim. O muro, os governados vestirem roupas de acordo com a profissão que escolheram e as suas casa serem cinzas, me lembraram Divergente; uma das provas que os jovens soldados enfrentaram ter acontecido em um labirinto, me lembrou Maze Runner (minha saga preferida *--*); outra prova ter sido televisionada para os governantes mais poderosos, pensei em Jogos Vorazes, claro; e, por último, o fato de que os governados não têm sobrenomes e sim números para demarcá-los, logo veio A Seleção na minha mente. Foi tão legal ver essas referências durante a leitura. Claro que não é exatamente igual, a autora insere detalhes únicos e, no fim, tudo se torna novidade. Adorei!

O livro é dividido em duas partes e narrado em terceira pessoa. Os capítulos são intercalados com os interlúdios, que tornam a leitura ainda mais interessante, pois podemos explorar um pouco a infância dos personagens principais. E esses flashbacks, em alguns momentos, influenciam o futuro, o que achei muito inovador. Não há descrições desgastantes, então você lê muito rápido, justamente pela escrita ser bastante leve, mesmo em cenas brutais que me deixaram aflita. Com certeza, você vai viver todo tipo de aventura e se surpreender muito.

Sobre a edição. Amei, amei, amei! Fiquei deslumbrada com os detalhes. Editora Arwen fez um trabalho impecável. A capa é linda e todos os detalhes dão um toque mais forte ao livro. A revisão e diagramação também ficaram muito boas. Parabéns à Arwen e ao Selo Literata! Também tenho que parabenizar a Kate pela ideia tão inovadora e por ter escrito um livro excepcional. Acredito que ela tem potencial para escrever mais e mais. 


Enfim, deu para perceber que a obra me agradou muito, né? Quero a continuação logo! "Utopia", só vem! Leitura obrigatória para os fãs de distopia!



Kate Willians é escritora e estudante de letras. Escreveu seu primeiro livro aos 15 anos e o segundo Debaixo das minhas asas, publicou aos 17. Já foi a blogueira responsável pelo Drunk Culture e hoje se dedica apenas a escrita. Tem 20 anos e o seu maior sonho, é encantar as pessoas com suas palavras. A literatura a salvou, e espera um dia conseguir usar a mesma fonte para salvar outras pessoas. É extremamente apaixonada pelo que faz e adora passar o tempo livre com a família e com um pug bagunceiro e totalmente sem noção chamado Bob. 



*O meu carinho pela autora é muito grande e ela sabe disso. Kate, você é muito talentosa, merece fazer muito sucesso! Um grande beijo pra tu *--* 


2 comentários:

  1. MOTORISTA PARE ESSE BUS QUE EU QUERO DESCER! QUE RESENHA MARAVILHOSA, DIVOSA, LACRADORA, DERRUBADORA DE FORNINHOS!Alline eu estou aqui sorrindo de orelha a orelha, caraca, que incrível. Fiquei tão feliz em saber que amou a obra, meus personagens e os desafios hahaha algumas referências que citou estavam certas também e meu, meus olhos encheram de lágrimas. Sem palavras, sem chão, sem ar. OBRIGADA! <3

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    1. Ai, que maravilha! Você gostou mesmo, hein?! Sua linda *-*
      Beijos!

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